Embora a integração e a alavancagem do mercado sejam necessárias, é preciso considerar que os riscos também ultrapassam as fronteiras dos países, e a operação desse sistema paralelo denominado shadow banking é, sem dúvida, o maior deles.
Isso porque por se tratar de um sistema paralelo, ou seja, que opera fora da estrutura dos mercados oficialmente estabelecidos e altamente regulados, o risco é considerado alto, porque não há regulação nem garantias. Desse modo, especialistas acreditam que existência do shadow banking oferece riscos para todo o mercado financeiro global.
Um exemplo recente do impacto negativo desta prática ocorreu na China, conforme notícia publicada no Portal O Globo, a qual relata a crise envolvendo o país e o calote da empresa chinesa Zhongrong International, que atua no shadow banking, gerando preocupações com a economia do país em agosto de 2023.
Conforme a matéria, a Zhongrong, que oferece crédito privado ao setor imobiliário chinês, deixou de pagar rendimentos a investidores em dezenas de seus produtos financeiros. O calote da Zhongrong expôs a vulnerabilidade do setor imobiliário chinês e a extensão do problema, devido à grande quantidade de produtos financeiros que ficaram com o pagamento atrasado na época.
Neste artigo trataremos do conceito e dos riscos envolvidos no shadow banking. Leia na íntegra e fique por dentro!
O que é shadow banking?
O shadow banking, conforme mencionado inicialmente, consiste em um sistema financeiro paralelo ao sistema bancário tradicional, que envolve a intermediação de crédito realizada por instituições e atividades fora do escopo das regulamentações bancárias convencionais.
Logo, essas instituições operam, por exemplo, fundos de hedge, empresas de Private Equity, veículos de propósito específico (SPVs), fundos de mercado monetário, e financiadores peer-to-peer. Além disso, embora não sejam bancos tradicionais, essas entidades oferecem serviços financeiros similares, como empréstimos, financiamento e investimentos.
Quais os riscos do shadow banking?
O shadow banking é muito utilizado por se tratar de uma “diversificação” das fontes de financiamento e da oferta de crédito a segmentos não atendidos pelos bancos tradicionais. No entanto, os riscos são elevados, tais como:
- Risco de Liquidez: As instituições shadow não raramente enfrentam dificuldades em atender a demandas de resgate de investidores durante crises;
- Risco Sistêmico: Devido à sua interconexão com o sistema financeiro tradicional, problemas no shadow banking se alastra rapidamente contaminando todo o mercado;
- Falta de Transparência e Regulação: A ausência de regulamentação rigorosa leva a práticas arriscadas e à falta de informações precisas sobre a real exposição ao risco.
Por fim, vale lembrar que o shadow banking ganhou destaque durante a crise financeira de 2007-2008, quando suas atividades de crédito e alavancagem não regulamentadas contribuíram para a instabilidade financeira global. Desde então, reguladores têm se esforçado para monitorar e mitigar os riscos deste setor, buscando equilibrar a inovação financeira com a estabilidade do sistema financeiro.
Quem fiscaliza shadow banking no Brasil?
No Brasil, o shadow banking não possui uma regulação específica e separada como do sistema financeiro tradicional. Em vez disso, as atividades relacionadas ao shadow banking são supervisionadas por diferentes órgãos, dependendo da natureza específica das operações envolvidas. Veja alguns exemplos de órgãos que monitoram as atividades de shadow banking:
Banco Central do Brasil (BCB)
Responsável pela regulamentação e supervisão do sistema financeiro como um todo, ou seja, das instituições financeiras tradicionais e algumas atividades relacionadas ao shadow banking que possam envolver instituições regulamentadas pelo BCB, como fundos de investimento e outras entidades financeiras.
Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
Regula o mercado de valores mobiliários no Brasil, abrangendo aspectos relacionados à securitização, emissão de títulos e outras práticas de shadow banking que envolvem valores mobiliários.
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)
Supervisiona o mercado de seguros e resseguros no Brasil, regulando operações de shadow banking que possam ocorrer dentro do setor de seguros.
Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA)
Embora não seja uma autoridade reguladora oficial, estabelece padrões e diretrizes para o mercado de capitais no Brasil, influenciando práticas de shadow banking relacionadas a fundos de investimento e outras entidades do mercado financeiro.
Portanto, não há uma regulação única e específica para o shadow banking no Brasil. As atividades relacionadas são reguladas por diferentes órgãos conforme sua natureza e o setor em que operam.
Conclusão
Concluindo, o shadow banking representa um sistema financeiro paralelo e menos regulado, composto por uma variedade de entidades e práticas que possuem funções semelhantes às instituições bancárias tradicionais, mas fora do escopo regulatório convencional.
A crise financeira de 2007-2008 foi um marco que destacou os riscos envolvendo o shadow banking, evidenciando sua capacidade de amplificar crises e afetar a estabilidade financeira global.
No Brasil, as atividades de shadow banking são supervisionadas por diversas entidades reguladoras, como o Banco Central, a CVM, a SUSEP e a ANBIMA, cada uma com responsabilidades específicas dependendo da natureza das operações envolvidas com o objetivo de mitigar riscos e zelar pela integridade do sistema financeiro, adaptando-se às evoluções do mercado e às novas práticas financeiras que surgiram com a inovação tecnológica.
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