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O papel da governança no enfrentamento dos desafios climáticos

O papel da governança no enfrentamento dos desafios climáticos

Governança climática: essencial para integrar riscos à estratégia e garantir resiliência empresarial. Saiba mais!

O aumento da frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos tem colocado os desafios ambientais no centro das preocupações globais, despertando uma maior consciência entre as grandes empresas sobre a urgência dessas questões. A escassez crescente de água e matérias-primas essenciais e o impacto nas empresas em termos de mão-de-obra em virtude da população atingida em massa por eventos climáticos de grande importância, reforça a necessidade de reavaliar práticas produtivas e estratégias corporativas, o que faz da pauta climática uma prioridade para mitigar riscos e zelar pela perenidade dos negócios.

Por outro lado, considerando que a Governança climática é a forma como empresas, governos e organizações estruturam decisões, estratégias e responsabilidades para lidar com as mudanças climáticas, é imprescindível entender e integrar riscos e oportunidades climáticas na gestão estratégica partindo da alta administração, nos processos decisórios e na atuação dos conselhos, para que a empresa esteja preparada para operar em uma economia de baixo carbono, ao invés de tratar o tema em nível de média gestão.

Em outras palavras, a governança deve ter uma visão sistêmica que compreende emissões, cadeia de valor, objetivos dos negócios, compliance regulatório e expectativas da sociedade. Para tanto, é preciso contar com conselhos conscientes, capazes de compreender os impactos do clima sobre o modelo de negócios, orientar investimentos sustentáveis e adaptar a operação frente aos cenários climáticos em transformação.

 

O papel da governança no enfrentamento dos desafios climáticos

A governança define como as decisões estratégicas são tomadas, implementadas e monitoradas dentro das organizações. É a partir dela que se estabelece a responsabilidade sobre metas de descarbonização, adaptação a riscos físicos e regulatórios, e direcionamento de investimentos para modelos produtivos resilientes e de baixo carbono.

Logo, sem uma governança comprometida e bem estruturada, a transição climática tende a ser reativa, desarticulada e ineficaz. Por outro lado, quando os conselhos estão preparados e alinhados com a agenda climática é possível antecipar riscos, incorporar critérios ESG ao core do negócio e posicionar a empresa de forma competitiva diante das exigências ambientais globais. Em vez de enxergar o clima como um tema externo, a boa governança o reconhece como parte indissociável da estratégia e da longevidade empresarial.

 

Qual o papel das políticas públicas no enfrentamento das mudanças climáticas?

As políticas públicas são fundamentais para estruturar e viabilizar a resposta coletiva às mudanças climáticas, estabelecendo normas, incentivos e mecanismos que orientam tanto o setor privado quanto a sociedade civil. Elas criam o ambiente regulatório necessário para estimular a redução de emissões, promover a transição energética e fomentar práticas sustentáveis em setores estratégicos da economia.

Além de direcionar recursos e investimentos, as políticas públicas articulam a colaboração entre diferentes níveis de governo, organizações e comunidades, garantindo que as ações sejam coordenadas e eficazes. Isso significa que sem esse arcabouço institucional, os esforços isolados perdem escala e impacto, dificultando o cumprimento das metas climáticas nacionais e internacionais e a adaptação das populações às consequências já inevitáveis das mudanças globais.

Importância do gerenciamento do risco climático partindo de estratégias da alta administração

O gerenciamento do risco climático a partir das estratégias da alta administração é decisivo para a resiliência e a perenidade dos negócios frente a um cenário ambiental em rápida transformação. Quando a liderança incorpora a análise de riscos climáticos nas decisões estratégicas, a empresa passa a identificar vulnerabilidades, antecipar impactos regulatórios, operacionais e financeiros, e a adaptar seus modelos de negócio de maneira proativa.

Isso permite que a organização alinhe seus objetivos econômicos com requisitos ambientais e sociais, minimizando impactos que possam comprometer sua continuidade. Além disso, posiciona a empresa como protagonista na transição para uma economia de baixo carbono, gerando confiança entre investidores, clientes e demais stakeholders.

 

Dificuldade de avaliar os riscos climáticos

A análise dos riscos climáticos esbarra numa série de limitações estruturais que comprometem a incorporação efetiva dessa agenda no núcleo decisório. Em primeiro lugar, a escassez de profissionais com expertise multidisciplinar, que compreendam modelos climáticos, impactos econômicos e cadeias produtivas reduz a capacidade das organizações de interpretar e mensurar, com precisão, os efeitos do clima sobre seus ativos e operações. O déficit técnico é um sintoma da complexidade inédita que o tema impõe, exigindo aproximação entre ciência, finanças e estratégia, algo ainda incipiente no mercado nacional.

Simultaneamente, o ceticismo ainda presente em setores em que a cultura de curto prazo predomina, fragiliza a percepção do risco climático como elemento material para os negócios. Assim, a resistência cultural dificulta a alocação de recursos, uma vez que a urgência e a incerteza inerentes aos fenômenos ambientais conflitam com a pressão por resultados imediatos. A priorização de capital e talentos para outras demandas imediatas marginaliza a agenda climática, que exige investimentos constantes e visão de longo prazo, características difíceis de conciliar em modelos de governança tradicionais.

Além disso, a escassez de estudos robustos limita a construção de métricas confiáveis e a formulação de estratégias alinhadas às realidades específicas de cada setor e região. A carência de dados e metodologias adequadas torna a incorporação do risco climático um exercício de tentativa e erro, desfavorecendo a criação de um processo decisório estruturado e transparente.

Diante desse cenário, a resposta reside na internalização profunda dos preceitos ESG, sobretudo no aspecto ambiental, dentro dos conselhos e da alta administração. Não se trata apenas de criar políticas ou relatórios, mas de reestruturar a governança para que o risco climático seja avaliado, monitorado e gerido como um risco corporativo crítico, integrado aos processos de decisão estratégica. Isso implica na formação de competências específicas, definição clara de responsabilidades e estabelecimento de métricas que traduzam os impactos climáticos em variáveis financeiras e operacionais tangíveis.

A incorporação efetiva da gestão climática na governança corporativa, alinhando sustentabilidade à estratégia de negócios, permitirá transpor as barreiras atuais. A maturidade na gestão do risco climático, portanto, é um processo que exige profundidade técnica, compromisso cultural e visão estratégica integrada, elementos que, juntos, orientam a transição para uma economia regenerativa e de baixo carbono.

Se você quer estar por dentro do tema não pode deixar de conferir o Podcast com o especialista Rodrigo Sluminsky é graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, com L.L.M pelo IBMEC e Executive MBA pela Fundação Dom Cabral. Como sócio do Gaia, Silva, Gaede Advogados, lidera o time de Sustentabilidade Corporativa nas áreas de Meio Ambiente, ESG, Mudanças Climáticas e Transição Energética. É ainda Diretor na LACLIMA, a primeira rede de advogados de mudanças climáticas na América Latina, tendo inclusive acompanhando nos últimos anos as negociações climáticas nas Conferências das Nações Unidas. É ainda professor em ESG, mudanças climáticas e sustentabilidade corporativa, assim como membro da Comissão de Energia e do Pacto Global na OAB/PR e do Comitê ESG do IBEF/PR – Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Paraná. Clique aqui e confira agora!

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Gabriela Maluf

Founder & CEO da Thebesttype, empreendedora, escritora, advogada com 18 anos de experiência, especialista em Compliance Trabalhista, Relações Trabalhistas, Sindicais e Governamentais, Direito Público e Previdenciário, palestrante com mais de 200 eventos realizados e produtora de conteúdo técnico otimizado em SEO para sites e blogs. Atualmente ajuda empreendedores e profissionais liberais a crescerem digitalmente por meio de estratégias de Marketing de Conteúdo.

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