A complexidade das estruturas empresariais e a sobreposição entre interesses públicos e privados exigem um nível mais apurado de análise. A Due Diligence de relacionamentos empresariais traz uma leitura ampla das relações que influenciam decisões corporativas — mesmo quando essas relações não estão formalmente documentadas.
Desse modo, mapear os vínculos entre empresas, sócios, executivos e pessoas politicamente expostas (PEPs) é uma estratégia para prevenir riscos e entender as dinâmicas de influência nos relacionamentos empresariais, evitando assim implicações legais e reputacionais. O processo inicial é identificar as conexões diretas, e, com isso, revelar fluxos de interesse que comprometem a integridade das decisões.
Vale frisar que a análise de relacionamentos ocultos não é especulação, há estudos que mostram como o apoio financeiro a campanhas eleitorais causam fortes impactos diretos em decisões regulatórias e no crescimento de ativos. Algumas empresas brasileiras listadas na bolsa, por exemplo, demonstraram expansão relevante após financiarem candidatos alinhados ao governo — indicando que relações políticas podem sim interferir diretamente no ambiente de negócios.
No setor de construção, episódios como os desvendados na operação Lava Jato evidenciam o impacto de vínculos indiretos mal compreendidos. As construtoras foram afetadas não por contato direto com agentes públicos, mas por associações com empresas utilizadas como fachada por operadores políticos. Neste caso, a Due Diligence de relacionamentos empresariais teria antecipado riscos e poupado contratos, imagem e capital.
Frise-se que esse tipo de investigação ocorre mediante o cruzamento estruturado de dados de diferentes fontes — desde juntas comerciais até registros patrimoniais. A partir daí, é possível reconstruir cadeias de controle, identificar beneficiários ocultos e entender a real arquitetura das relações empresariais.
O que é Due Diligence de relacionamentos empresariais?
A Due Diligence de relacionamentos empresariais é o processo de investigação e análise prévia que a empresa realiza antes de estabelecer, manter ou aprofundar vínculos com outras organizações ou pessoas — sejam eles fornecedores, parceiros, distribuidores ou representantes comerciais, dentre outros stakeholders.
A ideia é entender com quem se está lidando e avaliar aspectos financeiros, jurídicos, reputacionais, operacionais e até de integridade da outra parte. Logo, o objetivo é evitar riscos como envolvimento com empresas que têm histórico de fraudes, envolvimento em esquemas de corrupção, processos trabalhistas em excesso, problemas fiscais ou ambientais, entre outros fatores que possam comprometer a imagem, a operação ou a legalidade das atividades da empresa contratante.
Na prática, essa análise envolve:
- Levantamento de informações públicas e privadas sobre a empresa ou pessoa;
- Verificação de registros em listas de sanções e órgãos de controle;
- Consulta a processos judiciais e passivos ocultos;
- Avaliação da reputação no mercado e conduta ética;
- Análise de contratos anteriores, estrutura societária e situação cadastral.
Por fim, vale ressaltar que esse tipo de Due Diligence é cada vez mais comum nos programas de Compliance, principalmente após a entrada em vigor da Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013), que exige cuidado redobrado na escolha de terceiros que atuam em nome da empresa.
Conclusão
Para os profissionais envolvidos com o Compliance, crédito, contencioso ou avaliação de risco, a Due Diligence de relacionamentos empresariais é indispensável, servindo de base concreta para decisões estratégicas, ampliando a eficácia das medidas de responsabilização e evitando que estruturas artificiais se interponham entre o problema e sua origem. Assim, diante da sofisticação dos mecanismos de ocultação patrimonial e da fragmentação de responsabilidades em grupos empresariais é imprescindível esse tipo de análise.
Se você gostou desse conteúdo, deixe seu comentário e compartilhe com que ele possa ser útil!