Nos últimos meses, o ecossistema financeiro registrou episódios que reforçam a escalada desse risco. O Banco Central do Brasil relatou que, entre 2023 e 2025, os incidentes cibernéticos notificados por instituições financeiras aumentaram de 24 para 68, com 37 casos de fraude, o maior número desde o início dos registros. A Febraban e outras autoridades apontam vulnerabilidades em provedores terceirizados e sistemas de validação, ampliando a superfície de ataque e apertam o cerco contra contas bancárias abertas em nome de laranjas.
Além disso, os golpes via Pix somaram 28 milhões de casos entre janeiro e setembro de 2025, segundo reportagem do Correio Braziliense. Por sua vez, a Kaspersky identificou aumento de 267 % em ataques por mensagens falsas, incluindo conteúdos manipulados por inteligência artificial, entre julho de 2023 e julho de 2024. Autoridades brasileiras também alertam para o uso crescente de Deepfakes como ferramenta de fraude.
Diante de todo este cenário é importante conhecer qual a tendencia de fraudes digitais para 2026.
Fraudes digitais com maior tendência de crescimento em 2026
As identidades sintéticas devem ocupar posição de destaque nas fraudes digitais em 2026. A combinação de dados reais com informações inventadas é capaz de transpor verificações superficiais de cadastro e se infiltrar nos sistemas de crédito ou abertura de contas. O método explora fragilidades de instituições financeiras que ainda trabalham com processos de validação de identidade considerados frágeis para o avanço do cibercrime.
Os Deepfakes serão outra frente de ataque. O uso de vídeos, imagens e áudios gerados por IA para imitar clientes, colaboradores ou fornecedores ficará cada vez mais comum.
A engenharia social também tende a aumentar devido ao acesso dos golpistas a dados pessoais vazados que revelam preferencias comportamentais para construir diálogos individualizados, simulando linguagem, estilo e padrões de comunicação da vítima.
O Phishing também tende a aumentar por conta da possibilidade de personalização e que conseguem enganar até os usuários mais experientes.
Vale frisar que com o crescimento dos pagamentos instantâneos e do parcelamento digital a superfície transacional é maior, e, certamente será mais explorada pelos fraudadores. As movimentações rápidas, bem como a forte expansão de plataformas não bancárias, facilitam o acesso de atividades suspeitas.
Por fim, os “ataques multicanal” que combinam redes sociais, mensagens, autenticação de dispositivos e aplicativos financeiros com fluxos sequenciais também tendem a crescer, porque cada etapa, isoladamente, parece legítima, dificultando sua identificação.
Como a inteligência artificial será instrumentalizada pelos fraudadores
A IA serve como aceleradora das fraudes, porque os modelos generativos são capazes de gerar documentos falsos com alta precisão e pequenos ajustes de detalhes visuais para escapar de barreiras automatizadas, além de simular conversas em áudio para confundir as centrais de atendimento.
Além disso, as técnicas de análise comportamental são fortes aliadas dos criminosos para mapear as rotinas digitais da vítima, identificando horários, recorrências e variações de uso, aumentado o grau de personalização e precisão dos ataques.
Outra frente envolve o uso de identidades sintéticas moduladas, conhecidas como “variações repetidas”. Nesse método, os golpistas ajustam pequenas partes de documentos ou selfies para testar respostas de sistemas biométricos sem acionar travas automáticas e criam versões falsas de comprovantes, contratos e registros com alto grau de precisão visual, burlando mecanismos internos de conferência.
Grupos mais vulneráveis em 2026
As pessoas de até 25 anos continuam entre os alvos mais frequentes, impulsionadas pelo alto volume de interações digitais e pela exposição constante em redes sociais. Dados divulgados pela Serasa ao longo de 2025 já indicavam aumento expressivo nessa faixa etária.
Os usuários de contas digitais em fintechs também figuram em posição sensível, e as plataformas de pagamento instantâneo seguem pressionadas pela quantidade de transações, ou seja, a dinâmica de aprovação quase imediata para atrair clientes, aumenta o risco porque o número de checagens manuais é menor.
Os clientes de criptoativos enfrentam riscos no que se refere a cadastros manipulados e carteiras usadas para mascarar movimentações irregulares. Por outro lado, as instituições financeiras de grande porte continuam expostas pelo simples fato de operarem altos volumes, ou seja, quanto maior a operação, maior o impacto potencial quando um ataque se consolida.
Principais desafios para instituições financeiras
A velocidade dos ataques baseados em IA supera os ciclos tradicionais de atualização tecnológica, por isso, as equipes precisam revisar atentamente os parâmetros analíticos para acompanhar o ritmo e a inovação dos ataques.
Outro ponto envolve os altos investimentos, pois, claramente há um custo envolvido nas soluções mais avançadas de infraestrutura de dados, equipes especializadas e rotinas de validação, representando um forte aumento dos custos operacionais.
Além disso, a detecção efetiva de fraude demanda cruzamento de múltiplas fontes, transações, biometria, dispositivos e comportamento, tudo isso sem comprometer privacidade dos clientes.
Por fim, a educação do usuário é essencial, pois sem orientação, o cliente se expõe a armadilhas que anulam até os sistemas mais avançados. Por isso, a comunicação precisa ser direta e contextualizada.
Impacto econômico da escalada de fraudes digitais
O custo direto cresce em ritmo acelerado, juntamente com o investimento em soluções tecnológicas, reforço de governança, ampliação de times técnicos e revisão de políticas internas.
Os casos envolvendo Deepfakes ou identidades sintéticas provocam desgaste público, afetam a confiança e reduzem a capacidade de atração de novos clientes. Para as fintechs, esse efeito pesa mais, pois compromete expectativas de expansão e relacionamento.
O cenário, no entanto, impulsiona a indústria de segurança digital. As empresas de detecção comportamental, criptografia, biometria e validação documental estão ampliando seu Market Share, o que favorece o ciclo de inovação do setor.
Conclusão
A evolução das técnicas de fraude mostra que 2026 exigirá respostas mais rápidas e estruturas analíticas capazes de acompanhar o ritmo das ofensivas digitais. A ampliação da superfície transacional, somada ao uso massivo de IA para manipulação de identidades e interação personalizada, exige investimentos em tecnologias de ponta. A combinação de análise comportamental, validações robustas de identidade, fluxos decisórios bem estruturados e o alinhamento entre tecnologia e governança, criam um ecossistema mais bem preparado para enfrentar as fraudes digitais e 2026.
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