Por meio dele, a empresa compara seus indicadores com padrões do setor, identifica lacunas práticas e alinha sua governança às exigências regulatórias levando em consideração as práticas específicas do mercado em que atua. Com esse tipo de análise, é possível calibrar políticas internas, dimensionar os riscos com mais precisão e redirecionar esforços para áreas negligenciadas. Nos setores em que não há regulamentações claras, o parâmetro vem justamente da prática consolidada de mercado.
De acordo com levantamento da Deloitte, 69% das empresas que atuam em setores regulados reavaliam seus programas de integridade anualmente, enquanto 57% já adotam métricas para mensurar a efetividade das iniciativas implementadas. Em um ambiente cada vez mais sensível a riscos reputacionais e exigências regulatórias, operar sem parâmetros concretos de desempenho expõe a organização a vulnerabilidades que poderiam ser evitadas.
Com o aumento das exigências regulatórias e da vigilância sobre condutas corporativas, as organizações passaram a integrar indicadores de integridade à sua governança de forma sistemática. O benchmarking potencializa essa estrutura viabilizando uma leitura comparativa da performance e identificando onde estão os avanços, os riscos negligenciados e as oportunidades de refinamento.
Segundo relatório global da KPMG, 72% das organizações com programas de compliance maduros utilizam benchmarking para reavaliar políticas, treinar lideranças e ajustar fluxos de resposta a condutas indevidas.
O que é benchmarking em Compliance?
O Benchmarking em Compliance é a análise comparativa de processos, estruturas e indicadores entre organizações com perfis semelhantes. O objetivo é mensurar o grau de maturidade de um programa, identificar lacunas e calibrar a atuação conforme padrões reconhecidos.
Através dele, alguns insights podem ser obtidos: frequência de treinamentos, tempo médio de resposta a denúncias, reincidência de condutas irregulares e efetividade das políticas internas.
Quais métricas analisar em um benchmarking de Compliance?
O valor agregado do benchmarking está diretamente ligado à qualidade dos indicadores. Os mais usados são:
- Tempo de resposta a denúncias;
- Percentual de colaboradores treinados por área de risco;
- Número de não conformidades recorrentes;
- Volume de terceiros avaliados antes da contratação;
- Frequência de atualização das políticas internas.
Como interpretar os resultados do benchmarking?
A análise precisa ser técnica, contextualizada e, sobretudo, aplicada. Os dados devem ser interpretados com base nos objetivos estratégicos da organização. Logo, resultados abaixo da média de mercado podem indicar falhas estruturais ou refletir práticas mais orientadas à prevenção.
Qual o papel do benchmarking na evolução do Compliance?
O Benchmarking é instrumento para tomada de decisão, por exemplo, direcionar investimentos, revelar pontos cegos e orientar ajustes de rota com mais precisão. A comparabilidade do benchmarking permite que a empresa enxergue qual o próximo passo. Isso evita decisões baseadas em percepções isoladas e promove uma cultura de melhoria contínua.
Quais são os principais indicadores de Compliance?
Os indicadores de Compliance devem refletir tanto a estrutura quanto a efetividade das práticas implementadas. A seguir, alguns exemplos relevantes para uma análise consistente:
Eficiência na gestão de recursos aplicados
Mede a distribuição e utilização de recursos dentro do programa. Um indicador fundamental para avaliar a sustentabilidade e a escalabilidade da operação de compliance.
Comprometimento da alta liderança
Avalia o nível de envolvimento dos executivos no fortalecimento da cultura de conformidade. A participação ativa da alta gestão é decisiva para a credibilidade e a efetividade das políticas adotadas.
Benchmarking setorial
Compara os indicadores internos com dados de empresas do mesmo setor para contextualizar os resultados e identificar boas práticas que podem ser adaptadas à realidade da organização.
Frequência de atualização normativa
Acompanha a periodicidade das revisões e atualizações nas políticas internas e no próprio programa de compliance.
Qualidade da comunicação interna
Avalia o alcance e a eficácia de campanhas, treinamentos obrigatórios e outras iniciativas de comunicação, visando, principalmente, identificar falhas de engajamento e reforçar mensagens-chave.
Due Diligence de Terceiros
Relaciona o número de parceiros analisados com o total de vínculos comerciais ativos. Uma forma objetiva de verificar se os controles estão sendo aplicados de forma ampla e proporcional ao risco.
Funcionamento do canal de denúncias
Verifica o número de relatos recebidos, o tempo médio de resposta e a taxa de conclusão de investigações internas. Também permite observar se há reincidência em determinados tipos de conduta.
Volume e recorrência de não conformidades
Quantifica desvios identificados e sua repetição ao longo do tempo. Serve como termômetro da efetividade das políticas e dos controles internos.
Monitoramento de auditorias
Mede a abrangência das auditorias internas e externas relacionadas ao programa de integridade.
Eficácia dos planos de mitigação
Avalia a implementação prática dos planos de ação voltados à redução de riscos identificados. Também pode incluir métricas de prazo e resolutividade.
Adesão aos treinamentos obrigatórios
Verifica a participação dos colaboradores em treinamentos formais. Um índice baixo pode apontar fragilidades na cultura de compliance ou falhas logísticas de comunicação.
Engajamento com o código de conduta
Mede o alinhamento dos colaboradores e stakeholders às diretrizes éticas e normativas da organização. Pode ser avaliado por meio de pesquisas internas e auditorias específicas.
Diagnóstico e perspectivas futuras
Oferece uma visão consolidada do estágio atual do programa e das melhorias previstas para ciclos futuros. É uma forma de integrar os dados à estratégia institucional de compliance.
Como garantir a efetividade dos indicadores?
Os indicadores só têm valor se forem confiáveis, contextualizados e tecnicamente interpretáveis. Por isso, é recomendável que sejam desenhados conforme as particularidades da organização e que façam parte de um sistema de gestão integrado, preferencialmente com apoio de tecnologias que facilitem a coleta, consolidação e análise de dados.
Conclusão
A solidez de um programa de compliance está diretamente ligada à sua capacidade de mensurar o que está sendo feito ao que ainda precisa ser ajustado. Por isso, os indicadores bem definidos transformam o discurso de integridade em um processo técnico, auditável e alinhado à estratégia do negócio. Quando os dados refletem a realidade da operação e são analisados com critério, permitem que o programa de integridade evolua com consistência, responda com agilidade a riscos e se mantenha aderente às exigências regulatórias e do mercado.
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